Ouvindo uma palestra dia desses, prestei muita atenção à observação do apresentador ao ressaltar a quantidade de alimentos que cada um de nós, para sobreviver, consome durante uma vida inteira, e o quanto toda a natureza contribui para esta admirável façanha. Ele fez um cálculo aproximado deste consumo e prosseguiu dando ênfase ao comportamento das pessoas (novamente as pessoas no centro das atenções), que demonstram não estarem nem um pouco preocupadas.
Confesso que sai da palestra bastante surpreso com os números… relativos, é claro, pois eu nunca havia parado para pensar a respeito – nem sobre o consumo, tampouco sobre a generosidade do planeta. Resolvi pesquisar um pouco mais, e veja só o que a Nat Geo britânica e algumas outras fontes dizem a respeito:
De saída: 11 bilhões de árvores devastadas e 8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono liberados na atmosfera em 2007, somados às 40 toneladas de lixo que um indivíduo produz durante sua vida dão conta de que o ser humano é o único animal sobre a Terra que pode alterar significativamente o estado do planeta.
Muito bem, vamos aos números:
- A média de vida humana é de 2.475.576.000 segundos.
- Uma pessoa normal experimentará e participará da vida, olhando os acontecimentos em 415 milhões de piscadas.
- Uma pessoa normal derramará 61,5 litros de lágrimas durante toda sua vida.
- Verá (alguns, é claro) 148 minutos de televisão por dia, 900 horas por ano, o que equivale a 2.944 dias (8 anos completos) durante sua vida (aliás, uma significativa perda de tempo, na minha opinião).
- Lerá 533 livros e 2.455 jornais durante toda a vida.
- Pronunciará 4.300 palavras por dia, isto é, aproximadamente 123.205.740 palavras em toda sua vida.
- Caminhará 317 quilômetros por ano.
- Dirigirá 9.279 quilômetros por ano, o que soma 728.489 quilômetros ao longo da vida. Isto equivale ir à Lua e voltar.
- Comerá 4 vacas, 21 ovelhas (ou outro animal qualquer), 15 porcos, 1.200 frangos, 13.345 ovos, 12.283 pães, 5.279 frutas, 10.289 vegetais.
E ainda consumirá:
74.800 xícaras de café, 9.000 litros de leite, 6.000 litros de cervejas, 1.694 garrafas de vinhos (vale lembrar que 0.7% da população sempre se encontra em estado alcoolizada – bêbada), 30.000 barras de chocolate, 7.163 banhos, 656 sabonetes, 11.000 absorventes femininos, 4.388 rolos de papel higiênico, 445 jornais, 3.800 fraldas, 30 mil comprimidos, 272 desodorantes, 276 tubos de pasta de dente, 411 produtos para a pele, 35 potes de gel para cabelos, 198 frascos de xampu, 11.500 lavagens de cabelo, etc…
E de quebra se envolverá com:
1.700 pessoas (relacionamento), 4.239 orgasmos, 3 paixões, 1 a 2 casamentos, 8 carros, 5 vasos de vômito, 9 metros de cabelos, 9 metros de barba, 3.000 puns, 2.865 kg de matéria fecal (cocô), etc…
Os números são assustadores, como era de se esperar. Excluindo alguns aspectos específicos – de caráter e de natureza humana, a maioria impacta no equilíbrio do planeta, uma vez que ação gera reação. Não seriam essas as causas que provocam o que estamos vendo acontecer com a natureza? A pergunta óbvia a ser feita é: como ficaria o planeta daqui para frente, especialmente para as novas gerações? Ele suportaria a multiplicação dessa carga por quanto mais tempo? O objetivo aqui não é puxar orelhas, mas apenas refletir: o que eu tenho feito para minimizar os impactos no planeta, a partir das minhas atitudes e do meu comportamento? Preciso mesmo consumir a quantidade que venho consumindo? Tenho que fazer as coisas da maneira como faço?
Pense sobre isto! Fale com os seus empregados a respeito. Dissemine a ideia da sustentabilidade, começando com pequenas ações pessoais, como: não jogar óleo usado na pia da cozinha; desligar as lâmpadas quando não estiver ninguém no recinto; usar menos papel de forma geral; economizar água; usar menos o carro e caminhar mais; comer menos (porque não? – faz bem à saúde e ao bolso); regular melhor o motor do carro; usar recipientes apropriados para descartar “lixo”, entre outras. Há formas e formas de ajudar e se tornar útil ao mundo. Um grande exemplo é o do mega empresário Bill Gates, que se afastou da sua empresa para ajudar na carência social no quesito doença, e já doou 31 bilhões de doláres da sua fortuna pessoal para ações humanitárias com o propósito de acabar com a Aids. Na mesma proporção do Sr. Gates podemos doar orientações, instruções e explicações, todos os dias, sobre comportamento humano… social e sustentável. Vale lembrar que uma empresa é, antes de qualquer coisa, uma instituição social – tem por dever de ofício cumprir bem essa atribuição.
Portanto, se você é um gestor, incorpore às suas funções o papel de educador… e de conscientizador nesse campo. Se você não é um gestor, mas tem consciência da sua responsabilidade social, junte-se a esse propósito. Vamos em frente… vamos dar o troco a tanta generosidade da natureza!
AUTOR: CARLOS MINA – consultor, palestrante e escritor (imprima e divulgue, se desejar, mas não omita a fonte).